Lembro que na infância costumava correr pela casa do meus avós, lembro-me ainda de cada coisinha deles. Onde minha avó costumava guardar sua máquina de costura, e também os albuns de fotos de familiares distantes e que talvez já não estivessem mais entre nós. Lembro-me de cada coisinha e da busca que eles tinha em comprar o que precisavam pra garantir sua vidinha e seu cantinho tranquilo. Lembro-me que meu avô costumava guardar seu cigarrinho perto do fogão e que todo dia quando chegava dentro de casa ia fumar.
Fazem poucos dias a casa se acabou. O fogo derrubou, acabou com as lembranças nas imagens, o que se tinha guardado em cada lugar. Porém, o mais importante ficou. Foi a vida! Graças a fé tudo está bem e aos pouco a vida está voltando ao normal.
Enfim, procuramos guardar uma vida inteiro coisas que não queremos usar, nem gastar. E um dia podemos nos ver perdendo tudo só de uma vez. O importante é viver, isso é o que basta. Viver e ser feliz!
Deixo alguém em especial e uma música que me desperta emoção a cada vez que ouço:
Como Nossos Pais
Elis Regina
Composição: Belchior
Meu grande amor,
De coisas que aprendi
Quero lhe contar como eu vivi
E tudo o que aconteceu comigo
Viver é melhor que sonhar
Eu sei que o amor
É uma coisa boa
Mas também sei
Que qualquer canto
É menor do que a vida
De qualquer pessoa...
Por isso cuidado meu bem
Há perigo na esquina
Eles venceram e o sinal
Está fechado prá nós
Que somos jovens...
Para abraçar seu irmão
E beijar sua menina na rua
É que se fez o seu braço,
O seu lábio e a sua voz...
Você me pergunta
Pela minha paixão
Digo que estou encantada
Como uma nova invenção
Eu vou ficar nesta cidade
Não vou voltar pro sertão
Pois vejo vir vindo no vento
Cheiro de nova estação
Eu sinto tudo na ferida viva
Do meu coração...
Já faz tempo
Eu vi você na rua
Cabelo ao vento
Gente jovem reunida
Na parede da memória
Essa lembrança
É o quadro que dói mais...
Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Como os nossos pais...
Nossos ídolos
Ainda são os mesmos
E as aparências
Não enganam não
Você diz que depois deles
Não apareceu mais ninguém
Você pode até dizer
Que eu tô por fora
Ou então
Que eu tô inventando...
Mas é você
Que ama o passado
E que não vê
É você
Que ama o passado
E que não vê
Que o novo sempre vem...
Hoje eu sei
Que quem me deu a idéia
De uma nova consciência
E juventude
Tá em casa
Guardado por Deus
Contando vil metal...
Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo, tudo, tudo
Tudo o que fizemos
Nós ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Como os nossos pais...

a qual eu visitei.