Duda

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Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, Brazil
Casada com a publicidade e amante do Jornalismo. Um alguém que torna-se um ponto de interrogação aos seus olhos. E que nada mais é do que algo que você ignora. Amo as letras,as imagens e o mundo das cores. Talvez por isso que o tão colorido das coisas até cegam outras. Talvez por isso , não sinto o preto e o branco que costumam me perseguir. Redação Publicitária é uma das minhas praias.

29 de agosto de 2010

O fato


Era claro o fato que estaria longe de tudo por alguns segundos em alguma viagem para algum lugar que não se menciona nomes e nem infinitamente se conta os quilômetros. Carregava um pouco de tudo e um tudo de nada. Lembrou-se do sorriso, e de algumas parcelas de abraços dados a um prazo muito longo em que os pensamentos se perdiam. Era uma mistura de azuis, rosas e cores perdidas em um embalo. O embalo longo que a induzia a um futuro não tão distante. Mais uma canção e seus olhos se fechavam ao sentir que estava próxima a sensação, mais uma vez, iria explodir?
Outro final qualquer. Como ele escrevera de premonição. Ela sentira mais uma vez o som chegar aos seus ouvidos, e mais uma voz permanecendo em seus ouvidos. Seria uma canção? Ou um sentido desperto?
Permaneceu, sentada em um canto qualquer como ficava muitas vezes, e olhou incansavelmente o nada a procura somente do que viria do distante. As noites passaram a não ser somente noites, ela sabia disso, sabia também que os dias eram bem mais profundos do que se poderia imaginar. Suas mãos perdidas e seus olhos eram a fonte de sua alma.
Ela nunca entendera completamente sua alma e nem o que sentia em certas estações, era a primavera, o inverno e cada vez se sentia um alguém sem mundo. Estaria para sempre perdida?
Não sei, ela não saberia responder, ela era mais alma do que ser. Sentia mais do que tinha, mais do que tocava. Incompreendida por ela mesma. Continuou a andar...

26 de agosto de 2010

Noites

Fonte: http://olhares.aeiou.pt/sensualidade_em_forma_de_cigarro_foto544979.html
Cale-se um segundo
Sinta  as nossas mãos juntas
O olhar para fora só nos mostra
um outro caminho
Seus jogos e suas desavenças,
Seus amores e suas histórias
Entraram em um novo jogo.


Era meio dia de um outro mundo qualquer, era meia noite de uma escuridão por si só. Ela já andara perdida outras vezes, mas desta era o mistério que a envolvia com a fumaça de seu cigarro e se esvaziava no vento frio daquela noite.
Cantara uma noite toda, e se dopara tantas vezes em embaraços de beijos de outrem, que agora estava a lembrar do primeiro e único beijo que a fizera perder a cabeça e voltar a ser a adolescente sonhadora. Lembrava dos braços que entrelaçavam aos seus e os lábios que tocavam sua pele com sensibilidade e sentimento e impreguinava-lhe uma raiva como se os seus passos tivessem sido todos inúteis.
Andei alguns passos em sua direção e a vi assim de longe, de longe assim a vi com lágrimas no rosto. E sua face de durona se acabava em choros.
Nunca alguém entendera o grande mistério de suas tentativas inúteis de amor profundo, porém, ela sempre soubera que era frágil como uma pétala de rosa e que seu sorriso era uma tentativa em vão de parecer de bem com o mundo.
Cheguei-lhe então assim como quem não quer nada, sentei-me ao seu lado e permaneci por alguns minutos.
Sem entender a tal preocupação ela me olhou nos olhos. Peguei um cigarro, o acendi e a olhei. Ela perguntou-me o motivo de minha presença.
Disse-a que não teriam motivos, mas que o lugar era adequado para entender um pouco dos pensamentos. (Estes que rondam nossas cabeças depois de uma madrugada de festa e que ficam insistindo em fazer presença).
Ela me disse que amava alguém ou achava que amava, ao menos sabia que nunca tinha gostado tanto de alguém como seu ultimo amor.
Eu notava que o vento da madrugada começava bater em seus cabelos. Neste instante bateu-me uma espécie de aperto, que surge as vezes e quase sufoca, entende? Todo mundo já deve ter sentido isso algum dia na vida ou pelo menos sentiu uma dorzinha bem profunda como se o mundo voltasse atrás e os ponteiros girassem em sentido contrário.
Era fato que estavamos ali por um motivo claro. Acendi o próximo cigarro  e a olhei nos olhos, mais uma vez surgiu-me aquela vontade de tocar seu rosto e beijá-la como da primeira vez . Ela continuou a me olhar perdida nos pensamentos e eu em seus olhos. Embriagante mais que a noite, era sentir a intensidade de sentimentos que me vinham quando estava com ela. A noite passara correndo e ela ainda estava a ali. Eu estava ali.

23 de agosto de 2010


Negócios à parte ele estava certo, bastava só mais um dia e os dois seriam eternamente casados, amados e dividiriam a mesma cama, o mesmo café da manhã, a mesma televisão e tudo que na casa havia. Ele estava certo, certíssimo de que fizera a melhor escolha de sua vida e encontrara o par perfeito para viver os sentimentos mais profundos. 
Ela, porém não estava certa, não concordava e ao mesmo tempo tinha receio. Perder que m a amava perdidamente e se entregar ao desconhecido que lhe deixava de pernas pro ar? O que faria? 
Não mencionei, mas perceba você caro leitor que todos as vezes entramos em paranoias traiçoeiras e nos apaixonamos sem querer. Pois bem, ela não soube explicar o que ocorreu no dia em que viu aquela mulher pela primeira vez, só soube que poderia estar entrando em um mundo totalmente diferente. Sua visão embaralhou os sentimentos e suas vontades, misturavam-se com desejos antes nunca sentidos.
Ele por sua vez, acreditava que todo o nervosismo dela existia pelo fato de estarem próximo ao casório e o começo da nova vida. Tolo, nem percebera que sua mulher caíra de encantos por outra bela mulher. E foi assim, a história de um grande amor perdido, principalmente o dele, mas outro ganho por ela.

Alguém ai já viu uma situação parecida acontecer? Já perdeu a noção do mundo ao encontrar alguém que mudasse seus sentidos, vontades e desejos? Já ficou fascinado? Acredito que sempre estamos nestas fazes, que é uma complicação na cabeça de qualquer ser que se deixa levar.
Me disseram que o amor é do passado e que só se entrega a ele quem quer sofrer. Pois bem, se é assim de que graça terá a vida se formos seres movidos a loucura em uma selva de pedra ?
“ Pratique o desapego” diz o budismo. Ok! Ok! Alguém já aprendeu a praticá-lo? Se sim, revele os segredos de como ter um coração de pedra.

Porque eu só sei sentir...

Explicar?


Você acorda e o mundo já despertou há algum tempo. Você fecha os olhos e onde tudo foi parar? Para onde todos foram? Assim o tempo completa seu ciclo de idas e voltas e o presente se joga aos nossos olhos como um infinito que acaba na manhã seguinte.
Seria perfeito poder andar por noites inteiras sentindo o mar, ou então deitar na grama e olhar a lua e ouvir suas conversas. Seria o máximo se os momentos fossem como nos sonhos perdidos em uma noite de sono.
Tocar-lhe as mãos e olhar nos olhos é bem mais intenso do que tantas noites e tantos dias. E estes passos? E estes segredos guardados? E estas coisas que eu não sei entender. Juro nunca soube entender como são as coisas, como sou e como me sinto. Perdi o medo que tinha em uma época e hoje o que acontece? Alguém explica, alguém saberá explicar?
Mais uma nota e a música já entrou nos meus ouvidos e se repete, cada vez mais forte, mais louca e vicio ao som e vicio nessa melodia. Ela me leva a algum lugar, e esse lugar me transforma, tira meus pudores. Nunca entendi o sentido dos pudores com o mundo, nunca entendi o não deixar se mostrar o não deixar viver, o não deixar sentir. Me deixa como sou,  como não me sentia  há um tempo. Queria ter o mundo sentindo como me sinto algumas vezes, com essa força que cerca todos os sentidos e faz sorrir sem querer, queria que teus olhos brilhassem cada vez mais... Motivos a parte que sejamos o que a vida nos traz.

13 de agosto de 2010

Partida

Certo dos seus passos ele levou na mala tudo que tinha, um resto de tudo e um pouco de ambição.
Já não era tarde e não poderia mais andar com a mesma pressa de antes. Levava lágrimas e a lamentação de vê-la e não poder fazer nada.
Seu sorriso amarelo agora era marcado pelas lágrimas e sua mão segurava um cigarro entre os dedos, os quais antes puderam tocar a pele da mais bela mulher.
E tantos toques que antes foram dados já não lhe cabiam mais, nem o perfume que lhe rondava e as certezas que ele tinha.
Levava nas malas um pouquinho da saudade da infância ou de uma outra vida que o paraíso lhe permitia.
Andou sem parar por caminhos nunca antes andados e viu rostos, semelhanças e desatinos de doidos perdidos na escuridão.
O caminho era longo, e o passado passava na frente de seu rosto como um filme que aos poucos foi perdendo a cor se tornando um preto e branco, uma cor sem intensidade, sem brilho.
Ao passar pelo mar ele não recusou o convite das ondas, foi até perto da água e tocou-a pela última vez como em uma despedida, como um adeus. Ele podia ver o sorriso de sua bela por entre as ondas e vê-la saindo da areia com toda sua beleza e exatidão.
A olhou por um tempo como uma contemplação e com a eterna admiração.
 O passado ou o presente se juntavam no exato momento em que ele perdera tudo o que lhe restava.
A morte lhe parecia um fim justo a princípio, afinal sempre soubera que não existiria uma eternidade para sua vida, como não existe para ser humano nenhum.
O princípio e o fim, uma vida corrida e suada passo a passo, resumiam-se agora ao andar pela areia e sentir pela última vez a brisa que vinha do mar e tocava seu rosto.
E aquele perfume embriagante de uma natureza sem fim o consumia por dentro.Era a dor de partir e não poder levar nada. Sabia apenas que ficaria na lembrança de alguns por algum tempo. Qual motivo de sua partida? Porque tivera um fim assim, cheio de despedidas e de caminhos revendo tudo que se viveu?
Anoitecia na cidade dos vivos, enquanto ele seguia os passos ao lugar que não conhecia.
Um passo ao infinito ou talvez ao fim eterno. A morte poderia lhe parecer a perda de um mundo, de uma vida, de pessoas e de tudo que vivera. Ele seguia, sabia que não teria volta, que não teria resposta. Enfim, um dia eu fiquei sabendo que ele tinha chegado, depois de toda escuridão encontrou o que tanto procurava. Por onde andará? Tente-o encontrar em uma destas noites iluminadas pela luz da lua...