Duda

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Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, Brazil
Casada com a publicidade e amante do Jornalismo. Um alguém que torna-se um ponto de interrogação aos seus olhos. E que nada mais é do que algo que você ignora. Amo as letras,as imagens e o mundo das cores. Talvez por isso que o tão colorido das coisas até cegam outras. Talvez por isso , não sinto o preto e o branco que costumam me perseguir. Redação Publicitária é uma das minhas praias.

16 de octubre de 2010

Espera

- Não ela não virá- dizia ele em voz alta para ele mesmo ouvir e ninguém mais. O convite será negado como das outras vezes. Como das outras vezes me alimentará de vontades, desejos, carinhos, carências e irá embora, partindo assim como se nunca tivesse chegado. – Ela não virá, nem mesmo para escutar minhas poesias e histórias de amor que queria ter vivido e choros que queria ter chorado.
Ele sabia assim que ela não viria e isso não sabia se daria dor ou não, era sempre assim. Talvez já estivesse acostumado com essa solidão e se alimentasse de esperança por-um-amor-romantico-para-mudar-a-vida-as-vezes
Ele não sabia o que fazer fumou um cigarro, dois, três, pediu à moça que trouxesse algum álcool que lhe servisse de companhia ao menos.
Ele desacreditava das coisas, tanto que ultimamente a falta dela não causaria surpresa nenhuma, as pessoas não o surpreenderiam mais. Acompanhou a música que tocava no fundo do bar, mais um cigarro – Não, não devo insistir. Depois de um tempo – Queria tanto que estivesse aqui - E o telefone não toca, a outra voz não surge e a calma não passa. Ansiedade, angústia, perda, dor, canseira. – O que está acontecendo? Eu não sou assim, aliás, nunca fui!
Sem resposta alguma, ele queria não pensar, não lastimar e não querer. Pensava o quanto idiota era de esperar por noites de lua que nunca viriam, e viver naquela bagunça e jogos de sentimentos doentios e paranóicos. Queria fugir, fugir dali e não pensar mais.
E esse medo? E esse sentimento de que eu-não-sirvo-para-esse-mundo e de que eu-acredito-em-um-amor-que-não-existe, persistia.
Queria sair pela porta do bar que tocava um rock moderno, andar pelas ruas até que encontrasse um fim, um fim do túnel quem sabe. Cigarros, travestis, prostitutas, moleques usando drogas, uma vida estranha diferente dali.
Porém, não saiu, ele queria ficar mais, acreditar mais, naquele sentimento que se chamava não sabia o que e nem de onde vinha. Ele sabia que todas as vezes que a via era como se fosse a primeira vez de todas, era aquela simpatia de cara, de vida, de rosto, de querer estar sem saber por quê. E outra vez ele sentia aquela esperança - Quem sabe ela se atrasou perdeu o ônibus perdeu a carona, aconteceu alguma coisa... quem sabe – ele pensava.
Quem sabe, isso fosse mesmo invenção de uma cabeça que nada mais tinha para pensar e ficava fantasiando histórias enquanto os outros continuavam vivendo. Quem sabe seus romances e pensamentos fossem para livros e a literatura como essas que se passam aqui.
Resolveu ir embora. Fechou a conta, apagou o cigarro e andou pela rua. Noturna e fiel ao que sempre viu... Solidão, noite, vazio, tudo termina com um copo de vodka, um bar e uma rua vazia.

1 comentario:

Nine Stecanella dijo...

Bar é a salvação de todos os seres sem rumos.

Adorei o texto Du!