Momento

Bem, agora quando tu estava parado ele resolveu andar.
Resolveu falar. Logo agora que tudo estava tão calmo, revolveu surgir. As vezes me pergunto porque não posso ter a frieza de alguns seres. Porquê preciso disso, porque preciso me embalar nestes fatos.
Seria tão simples se todas as coisas fossem fáceis. Mas, realmente não são. Sempre procurei fugir disto e posso dizer que estou fugindo, porém sinto-me perseguida por estas coisas, estes fatos e estas lembranças que insistem em existir.
Certas coisas não entendo, certos sabores, certos gostos e certas vontades.
Acho que fazem parte do ser humano. Faz parte do ser humano também fingir?
Faz parte do ser humano fugir? Não se entregar?
Já estive presa a tantos medos que minha única vontade agora é...
Bom, me sinto estranha, sinto que preciso ficar longe. Assim como das outras vezes, por todas as vezes não são iguais.
Sempre tem algo diferente, algo que te deixa inquieta e de uma forma única, sem comparação.
Sinto a necessidade de estar longe, de outros ares, outros lugares.
Costumo ser de câncer e ser de câncer meu caro, só sendo para saber.
Não julgo, não gosto de ser julgada.
Porém eu talvez tenha nascido na época errada, no século errado, em uma data diferente desta.
Sou velha demais pra tanta bagunça. Sou velha demais para tanta mesmice.
Sinto a necessidade e abranger o que está aqui dentro, mas ao mesmo tempo, reprimo.
Porquê um dia as coisas mudam, e sabe eu desejo tudo, mas o intenso de alguns momentos que são únicos, desejo a veracidade, a coragem. E os quero de forma plena, doce, selvagem e belo.
É, talvez eu queira demais mesmo. Poetas são assim, exagerados, alucinados.

Uma vez já quis dar a lua a alguém.
Agora nem sei mais, devo estar velha mesmo e na época errada.
Vou procurar minha época...

Viva!

Viva!
Isso é o que basta em toda essa insanidade.
Onde os dementes de alma procuram
absorver a bondade e a transformá-la
na ganância e no poder.
Onde somos dominados pela
idéia de que somos máquinas feitas
para casar e ter filhos
e pagar os impostos de forma correta.
Somos destinados desde que nascemos
a aceitar a dor de ser mais um em meio
a milhões de outros seres,
todos correndo atrás do que
ainda não tem.
E o ter se torna mais forte que o ser.
E o viver se transformar em sobreviver.
O que te falo quando olho nos teus olhos
é o que a alma fala
quando a brisa bate em nossos rostos.
Porém, ninguém percebe.
Regras, são regras.
Você tem que viver e morrer.
E pra que viver com o caminho já traçado
pelas máquinas das verdades falsas e dos poderes
que dominam as nações?
Viva!
Exagere!
Como um poeta que coloca a intensidade e o exagero acima de tudo
E transforma o mundo em palavras bonitas.
Apenas tento acordar uma parte do mundo.
Deixe que a vida te leve.
Te carregue, te arraste para o lugar que ela quiser.
Olhe nos olhos!
Deseje!
Se entregue!
Não se cale!
Apenas sinta!
Tenha tesão por estar nela
e deixe que ela domine seus suspiros,
se entregue a infinidade da vida.
Porque estar vivo
É a infinidade do ser
É o nirvana da alma
É o prazer absoluto.

Aprenda o que sentir. Esse é o tema.
Quando ficamos chocados com algo já demonstramos sentimento nisso.
Quando choramos são nossos sentimentos que falam. Porém nem sempre sentimentos deverão existir. Porquê?
Sentimentos além da conta causam dor ou até mesmo uma particulazinha dele pode causar.
Porque viver é sentir, mas saber calcular a intensidade é mais válido em alguns casos.
Quando a morte ocorre, até parece que a vida vai sair pela boca e ir junto com os sentimentos que tínhamos por quem acabará de partir.
Quando nos despedimos parece que ta ficando uma parte da gente com a outra pessoa.
Isso tudo é sentir.
O sentir é forte como aquela vontade de olhar nos olhos ou de correr na chuva.
Sentimentos são fortes e ao mesmo tempo de uma delicadeza imensurável.
É certo que as vezes os fatos se misturam e não sabemos se sentimos, se somos atraídos ou o que acontece em nosso corpo e coração.
O humano as vezes confunde amor com paixão e outras não sabe ao certo o que sente e mistura ódio ao amor. O humano é o ser que inventa tempo, quer o tempo, e o quer já.
Esse humano diferente dos outros animais até as vezes finge não sentir, não amar e não querer. Outras vezes corre incansavelmente atrás de um alguém, de um amor, de um perfume ou de uma mão para se encaixar a sua.
O ser humano parece estar doido e ao mesmo tempo o mais são de todos os seres.
A complexidade de sentir ou não confunde a cabeça com os pés, a razão e a emoção, o instinto e o afeto.
O que somos afinal? Seres que sentimos o que queremos?
Somos fracos a ponto de não dominarmos nossos passos e nossos atos?
O que queremos o achamos que queremos é realmente parte de nós?
O que nos faz sentir que amamos e depois quando vemos não era nada além de uma paixonite?

A vida vem e nos leva...
Alguém pergunta:
- Para onde?
- Eu não sei.

...

Com a vozes e a canção
com o ar e outros versos
transformamos os seres
e levamos à viagens
alucinantes.
onde os pássaros estão
repletos de alegria pelo ar
e nossos passos são lentos
por caminhos nunca vistos
Se eu segurar a sua mão
não tenha medo
porquê não a deixarei cair
e nem um segundo me fará
esquecer de estar
Se eu te olhar bem nos olhos
por favor não chore
porque eles só te dizem
o que as palavras não podem dizer.

se eu correr pela chuva enquanto te vejo

não se assuste pela estranha felicidade,
se eu beijar tua boca incansavelmente
é porque quero guardar o teu sabor
para a hora da saudade.
Se eu chorar ao te olhar,
não será por tristeza
e sim pela magia que inala em seu ar.
Se um dia eu gritar desesperadamente
é minha alma gritando aos sete ventos
o que sinto por ti.