É de fato estranho pensar que o homem tão primitivo em seus pensamentos em certas ocasiões pudesse buscar através da escrita as respostas para o mundo. Foi quando me vi, no Museu dos Capuchinhos, em Caxias do Sul, diante de uma máquina de escrever que me despertou tanta imaginação que até parece que o lugar, apesar de estar rodeado por antiguidades, permanecia vivo e novo na essência da profissão ali desempenhada.
Eram homens sérios e destemidos, diante da novidade da escrita impressa, com maquinários antigos, impressoras, papéis, nomes marcados e carimbados. Os homens trabalhavam em máquinas grandes e pesadas e alguns pareciam cansados, talvez pelo peso da carga ou ainda quando o trabalho se passava em amontoar jornais e dividir folhas em meio às tantas. E o destinatário final, depois de tanto trabalho, receberia em casa uma notícia, um obituário, uma novidade relevante ou a lembrança de um passado imigrante.
O que se passa em 100 anos de história de um jornal como Correio Riograndense, passa na casa de quem durante parte deste tempo viveu o mundo que foi descrito em cada página. Hoje são folhas amarelas, ontem foram novidades para a dona de casa, para o imigrante e para a criança.
E quantas palavras não foram expressas diante de uma folha de papel e de mãos batendo nas teclas da máquina de escrever? Máquina de cor escura, mas que parece nos dizer que a sua função está além de uma bela imagem.
E fiquei pensando: quem foram os grandes leitores das letras que saíram dela? Quem foram os grandes escritores que entregaram a ela sua expressão e sua vida?
Os retratos das paredes do pequeno lugar revelam quem era, quem foi e quem é o jornal. Uma história contada por um nobre Frei, que se enche de orgulho de quão grandiosa é a vida daquele pequeno lugar que guarda dezenas de sonhos e de olhares para um novo mundo, de uma busca incessante pela alegria de um povo.
Enquanto a viagem pelo passado acontecia, passava-me pela cabeça tantas coisas que a vontade que tive foi de adentrar em um quadro, ou ao menos uma vez escrever algo naquelas teclas e fazer parte daquela história.
Quantas vezes passamos despercebidos por entre portas e janelas de uma grande cidade? Quantas vezes olhamos distante e não vemos nada além de uma simples imagem?
Foi dessa vez, como algumas outras, que vi o preço e valor da história que o homem constrói durante sua vida. São retratos, relatos, personagens, fatos que aguçam minha curiosidade por entender o passado próximo.
Em época de modernidade, tudo parece tão superficial aos olhos que, quando vemos a originalidade de um tempo e a marca de um povo, ficamos boquiabertos. Sempre acontece de eu ficar adorando e admirando a antiguidade. E apesar dos comentários de que o jornal impresso um dia vai acabar, ele não deixará de fazer parte de épocas, valores e costumes de uma sociedade.
1 comentario:
Gostei do novo formato do blog, tem um amigo meu que usa esse template hehehe
Beijo!
Bom texto!
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